Ruptura e lesão do Ligamento Cruzado Anterior: fatores de risco
Quer entender quais os fatores de risco para a lesão ou rompimento do ligamento cruzado anterior (LCA)? Falamos sobre o assunto neste texto!
Alguns indivíduos possuem características que podem levar a uma maior chance de ruptura do ligamento cruzado anterior. Algumas características podem fragilizar esse ligamento ou mesmo deixá-lo exposto à rupturas.
Abaixo, vamos repassar alguns fatores de risco para a lesão do LCA.
Sexo Feminino
Mulheres apresentam maior fraqueza relativa da musculatura da coxa, pelve, abdome e glúteos, o que favorece o joelho a entrar em posições de risco.
Além disso, o alinhamento da mulher possui maior tendência ao valgo e distúrbios de alinhamento do joelho também são fatores de risco para lesão do LCA.
De forma geral, mulheres também possuem uma anatomia do joelho que pode favorecer a lesão do ligamento, por exemplo, um menor intercôndilo (distância entre os côndilos do joelho), sem contar que fatores hormonais influenciam na frouxidão ligamentar e resistência à ruptura dos mesmos, constituindo também outro fator de risco para as mulheres.

Ângulo do quadríceps
Mulheres possuem o ângulo do quadríceps (chamado de ângulo Q) mais aberto. Por ter esse ângulo maior, os vetores de força do quadríceps levam mais facilmente ao joelho entrar em posição de abdução ou valgo e sofrer o mecanismo de trauma próprio do LCA.
Tamanho do LCA
Mulheres, via de regra, possuem um ligamento relativamente menor e menos robusto, o que também favorece sua ruptura.
Inclinação da tibia ou “slope” tibial
Pessoas com a tíbia mais inclinada possuem uma maior probabilidade de “escorregamento” de fêmur sobre a tíbia, que vai para frente, forçando e tensionando o ligamento cruzado anterior.
Um slope aumentado é outro fator de risco para ruptura do LCA, trata-se assim de uma característica anatômica predisponente à lesão.
Joelho pequeno/Intercôndilo estreito
Como já comentado, a presença de um joelho com "menor espaço" para o LCA aumenta a chance do ligamento ser jogado ao encontro das estruturas ósseas.
Por causa disso, um joelho com um intercôndilo estreito aumenta as chances de ruptura do ligamento cruzado anterior.
Obesidade
Um alto índice de massa corpórea é um fator de risco modificável para a lesão do ligamento cruzado anterior.
Lesão prévia
Sabemos que, devido a fatores de risco individuais (tanto anatômicos quanto relacionados à parte dinâmica, esporte praticado e biomecânica), pacientes que já romperam o LCA possuem maior chance de terem lesão novamente do mesmo joelho e, inclusive, de lesão no ligamento do outro lado.
Desbalanço/Fraqueza muscular
Sabe-se que um bom condicionamento físico pode evitar que a perna e o joelho se exponham aos mecanismos de trauma mais comuns que irão levar a lesão do LCA.
Dessa forma, pessoas com menor capacidade de controle muscular estão sujeitas a uma maior chance de lesão. Fadiga extrema e excesso de treinamento podem também contribuir para as lesões.
De forma geral, um desbalanço entre o quadríceps e a musculatura flexora (relativamente mais fraca) associado à uma fraqueza da musculatura do CORE (abdome e dorso, principalmente) são fatores de risco para ruptura do ligamento cruzado.
Hiperfrouxidão
Pacientes que apresentam hipermobilidade articular também estão em risco para a lesão do ligamento cruzado. Uma das principais características desse grupo de risco é a capacidade de super esticar o joelho, conhecido como hiperextensão do joelho.

Técnica de aterrissagem e presença de valgo dinâmico
Pacientes que possuem fraqueza muscular, alinhamento predisponente e falta de propriocepção podem estar mais propícios a estabelecerem padrões de biomecânica que levem à uma ruptura do ligamento.
Em movimentos de aterrissagem ou mudança de direção, estes pacientes acabam por cair em uma “posição sem volta” ou “position of no return”. Essa posição é caracterizada como um conjunto de alterações descritas abaixo:
- Flexão e rotação lombar
- Adução e rotação interna do quadril
- Joelho menos fletido e em valgo
- Rotação externa da tíbia
- Pé sem controle e sem balanço
Fatores externos
Fatores ambientais também podem aumentar o risco de lesão do ligamento cruzado anterior, por exemplo:
- O tipo de calçado, principalmente os que proporcionam maior resistência à torção com o solo, como aqueles com maior número de travas, está associado a uma taxa de lesão do LCA significativamente maior.
- O tipo de superfície de jogo também parece ter um papel no risco de lesões, especialmente aquelas que causam um maior atrito na superfície do calçado. Em esportes indoor (por exemplo, handebol), parece haver um risco maior de lesões para mulheres que jogam em pisos artificiais (sintéticos) em comparação com pisos de madeira. Em esportes ao ar livre, jogar na grama parece ser menos arriscado do que jogar na grama artificial.
- As condições climáticas afetam a interface mecânica entre os sapatos e a superfície de jogo. Estudos têm mostrado que as lesões do LCA são menos comuns durante a temporada de baixa evaporação e precipitação elevada no futebol australiano e durante o tempo frio no futebol americano.
Entendido agora quais fatores podem aumentar as chances de ruptura, fica mais fácil de prevenir as lesões!
Consulte as fontes da imagens aqui.
Dr. Diego Munhoz
Médico ortopedista especialista em cirurgia de joelho graduado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP.
Acompanha com proximidade o quadro clínico do paciente e atua do diagnóstico a reabilitação!
- Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP);
- Residência em Ortopedia pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Especialização em cirurgia de Joelho pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos residentes de ortopedia durante o ano de 2018 no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos alunos de medicina(internos) durante o ano de 2019 Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Habilitado em Cirurgia Robótica do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia;
- Atualmente, cursa doutorado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP).