Tratamento da lesão no menisco: é possível não operar?
Com certeza é possível não operar uma lesão de menisco. A maioria das lesões são capazes de responder e ter um bom resultado com o tratamento conservador, ou seja, sem cirurgia.
Para entender melhor quais são as lesões que costumamos não indicar, inicialmente, o tratamento cirúrgico, precisamos pontuar algumas características.
Como definir se o tratamento da lesão do menisco sem cirurgia será indicado?
Avaliação do tipo de lesão
A primeira coisa que devemos entender é que existem lesões do menisco traumáticas, ou seja, que ocorrem agudamente após alguma entorse, e lesões que ocorrem por desgaste e pequenos traumas ao longo dos anos.
De forma geral, as lesões meniscais degenerativas costumam ser passíveis de tratamento não cirúrgico. Esse tipo de lesão costuma ser horizontal dentro do menisco e é mais estável de forma geral do que as lesões traumáticas.
Lesões traumáticas precisam ser avaliadas em relação a sua estabilidade, tempo, tamanho, e outras lesões associadas, por exemplo.
De forma geral, lesões instáveis tendem a necessitar de cirurgia. Alguns exemplos de lesões instáveis são:
- Flaps grandes (pedaços) podem se deslocar para locais incômodos do joelho e causar dor e bloqueio;
- Lesões em alça de balde (longitudinais grandes) também incomodam e são instáveis, causando sintomas;
- Lesões radiais completas (atravessando o menisco) fazem com o que todo o menisco saia do lugar. Essas lesões, normalmente, precisam de cirurgia.
Avaliação do tempo de lesão
Outro aspecto que comentamos é o tempo de lesão. Lesões que ocorreram a mais tempo tem seu potencial de cicatrização mais limitado, pois ocorre degeneração do resto do menisco e há menor probabilidade de uma sutura cicatrizar o menisco adequadamente.
Dessa forma, lesões agudas são mais propícias para o tratamento cirúrgico de sutura.
Avaliação do tamanho
O tamanho de uma lesão também influencia nossa decisão. Lesões menores do que 1cm são passíveis de tratamento conservador, enquanto lesões maiores tendem a necessitar de estabilização cirúrgica.
Avaliação das lesões associadas
Outro ponto importante de análise é como está o joelho ao redor dessa lesão de menisco. É muito comum encontrarmos lesões de menisco em pacientes que já possuem artrose avançada. Nesse contexto, o tratamento conservador costuma ser a primeira opção, pois não adianta só tratar o menisco sendo que todo o resto do joelho também está doente.
Por fim, nas lesões de ligamento que já são de indicação cirúrgica, tendemos a avaliar cirurgicamente o menisco também. A lesão do ligamento cruzado anterior junto com uma lesão meniscal, por exemplo, aumenta as chances de cicatrização e, por isso, há uma tendência cirúrgica nestes casos também.
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Dr. Diego Munhoz
Médico ortopedista especialista em cirurgia de joelho graduado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP.
Acompanha com proximidade o quadro clínico do paciente e atua do diagnóstico a reabilitação!
- Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP);
- Residência em Ortopedia pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Especialização em cirurgia de Joelho pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos residentes de ortopedia durante o ano de 2018 no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos alunos de medicina(internos) durante o ano de 2019 Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Habilitado em Cirurgia Robótica do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia;
- Atualmente, cursa doutorado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP).