Glossário da Cirurgia do Joelho

A intenção do glossário é ajudar o entendimento da descrição do laudo médico dos exames do joelho. Nenhuma conduta deve ser tomada com base isolada no laudo e a compreensão total do exame deve ser acompanhada por explicação exclusivamente do médico ao conduzir o caso.

Como são feitas as cirurgias no joelho?

A grande maioria das cirurgias no joelho são assistidas por artroscopia, ou seja, um procedimento minimamente invasivo com uso de vídeo.



No entanto, para as reconstruções ligamentares precisaremos retirar algum enxerto de outra região do corpo do paciente, sendo o mais comum o enxerto de tendões flexores na região medial e posterior do joelho.


O tempo de internação varia de acordo com o procedimento realizado. Assim, podemos ter casos de alta precoce no mesmo dia ou no dia seguinte da realização do procedimento.


Em casos mais complexos, como por exemplo, na execução de prótese de joelho, a alta pode ocorrer até 3 dias após a cirurgia.


A principal anestesia que utilizamos é a raquianestesia que associamos a uma sedação e um bloqueio de nervo periférico para melhorar a qualidade do pós-operatório e evitar dor.

Você fez algum exame e ficou com dúvidas?


Este glossário irá lhe ajudar com informações educativas para você entender um pouco mais a sua dor e seu exame. Lembre-se que as informações deste glossário jamais irão substituir uma consulta!

Menisco


  • Amputação da borda livre

    Este termo é usado para designar que uma parte do menisco que deveria estar acoplada junto com o resto do menisco não está mais lá. Esse Sinal é indicativo de lesão de menisco. Seu tratamento irá depender do tamanho da lesão, deslocamento e das condições gerais do joelho do paciente.


  • Lesão radial do menisco

    Esse termo é utilizado quando temos uma lesão no menisco que rompa perpendicular ao eixo longitudinal do menisco. Esse tipo de lesão, quando ocorre de maneira completa é um sinal de alerta para o ortopedista cirurgião de joelho pois pode levar a uma perda total da função de menisco, com progressão para artrose, dor, extrusão do menisco e complicações futuras. Algumas lesões radiais pequenas podem ter uma evolução melhor e outras quando associadas já a uma degeneração muito grande do joelho podem não precisar de reparo.


  • Lesão longitudinal vertical do menisco

    Esse tipo de lesão normalmente ocorre devido à algum tipo de trauma e quando localizados na região periférica são as melhores lesões para sutura e cicatrização do menisco. Lesões pequenas menores do que 1cm podem não precisar de reparo, mas lesões maiores necessitam de estabilização cirúrgica


  • Lesão complexa do menisco

    Esse tipo de lesão está muito associada com um desgaste geral do joelho. Ocorre devido a degeneração do menisco. Embora também possa ocorrer após algum tipo de torção normalmente esse tipo de lesão tem seu tratamento guiado de acordo com o grau de desgaste do joelho. Quando indicada a abordagem especifica para tratamento cirúrgico dessa lesão dificilmente conseguimos dar ponto ou reparar o menisco e o tratamento mais comumente realizado é a meniscectomia


  • Conflito osteomeniscal

    Esse tipo específico de lesão meniscal ocorre quando um pedaço ou flap de menisco lesionado fica interposto e atritando com o osso da tíbia ou do fêmur, causando uma inflamação designada conflito osteomeniscal. Esse problema costuma responder menos ao tratamento conservador e normalmente a meniscectomia artroscópica costuma aliviar os sintomas mais rapidamente e de forma mais previsível


  • Lesão meniscal horizontal

    Esse tipo de lesão é comumente uma lesão degenerativa, ou seja, ocorre por sobrecarga repetitiva e não devido a um trauma específico. A maioria de suas lesões podem ser tratadas de forma conservadora com fisioterapia ou infiltração articular. 


  • Alça de balde

    Esse tipo de lesão ocorre quando uma lesão longitudinal vertical é grande o suficiente para destacar a parte inter do menisco em direção ao meio do joelho, imitando a alça de um balde indo para um lado e para outro. Esse tipo de lesão é altamente sintomática, causando dor, estalidos e bloqueios e travamentos. A maior parte das vezes o paciente com esse tipo de lesão deve ser submetido a uma artroscopia para ser avaliado a possibilidade de sutura do menisco. 


  • Extrusão meniscal

    A extrusão do menisco ocorre após alguma lesão radial ou complexa signicativa. Também é vista nos casos de artrose. O menisco extruso perde toda a sua função e deixa de realizar seu papel de amortecimento.


  • Degeneração intra substancial do menisco

    Essa alteração não se trata de uma lesão propriamente dita, mas sim de um inicio de degeneração e desgaste no “miolo” do menisco. A apartir dos 30 anos esse tipo de alteração já começa a ocorrer de forma fisiológica e normalmente esse achado não requer tratamento específico.


  • Irregularidade ou edema na junção meniscocapsular

    Esse tipo de achado está associado com uma lesão meniscal denominada de “RAMP LESION” ou “LESÃO EM RAMPA”. Esse tipo de lesão normalmente ocorre em conjunto com a lesão do ligamento cruzado anterior e o cirurgião de joelho deve estar atento a sua presença pois comumente requer reparo durante a cirurgia de reconstrução ligamentar.


  • Flap meniscal deslocado

    Esse tipo de lesão ocorre quando um pedaço ou um “bico” do menisco é rasgado e deslocado. Essas lesões normalmente são instáveis e podem causar sintomas de dor no joelho, podendo causar inclusive o conflito osteomeniscal.


  • Perimeniscite

    Esse termo se refere a uma inflamação ao redor do menisco. Não é uma doença ou um problema em si mas pode ser doloroso devido a inflamação local e ocorre normalmente em decorrência de lesão meniscal


  • Cisto parameniscal

    Trata-se do acúmulo de líquido que ocorre após uma lesão de menisco, na maioria das vezes horizontal e degenerativa. A lesão forma um mecanismo de válvula que acumula líquido com o tempo. A depender do tamanho e da inflamação esse cisto pode ser sintomático e necessitar de tratamento específico como infiltrações e drenagem artroscópica.


  • Lesão de raiz de menisco

    Trata-se de uma lesão radial que ocorre até 1cm da inserção do menisco. Está associada com extrusão do menisco e tem grande potencial de ocasionar desgaste no joelho e evolução para artrose. Trata-se de uma lesão recentemente descoberta e nos casos em que o paciente é jovem e não possui artrose significativa o tratamento mais comumente preconizado envolve o reparo e reinserção da raiz do menisco.


Cartilagem


  • Afilamento, Irregularidades, fissuras, erosões condrais

    Tratam-se de termos utilizados para descrever a lesão ou ruptura da cartilagem. Normalmente afilamentos são lesões menores comumente vistas em pacientes assintomáticos  e as erosões condrais estão mais associadas a quadros de desgaste mais importante e artrose dos joelhos. Irregularidades e fissuras podem ocorrer tanto no contexto agudo e traumático quanto no contexto de desgaste e sobrecarga. A interpretação desses achados podem ser de difícil análise isoladamente e devem sempre serem avaliados em conjunto com outras alterações no joelho, com o tipo de paciente e com o exame clínico e histórico do mesmo. 


  • Cistos subcondrais

    Cistos subcondrais normalmente ocorrem adjacentes às lesões de cartilagem e denotam uma sobrecarga mais intensa ou uma perda maior de cartilagem. Esse tipo de alteração está mais associada a quadros dolorosos pois o osso subcondral é mais inervado do que a cartilagem em si.

  • Lesão osteocondral

    Este termo está normalmente associado a lesões traumáticas ou lesões agudas. No laudo normalmente vem descrito o tamanho da lesão osteocondral e o tratamento irá depender muito do tamanho e localização, mas há uma tendência a realizar tratamento cirúrgico para estas lesões, principalmente se associadas a outras lesões ligamentares em um joelho saudável.

  • Alteração ou edema subcondral

    Normalmente ocorrem adjacentes às lesões de cartilagem e denotam uma sobrecarga mais intensa ou uma perda maior de cartilagem. Esse tipo de alteração está mais associada a quadros dolorosos pois o osso subcondral é mais inervado do que a cartilagem em si.

  • Osteocondrite ou Osteocondrite dissecante

    Trata-se de uma doença da cartilagem e do osso subcondral que evolui com destacamento do ósseo. Seu tratamento irá depender da estabilidade, tamanho e local da lesão. Pode ocorrer em jovens onde possui melhor prognóstico ou em pacientes adultos.


Sobrecarga


  • Peritendinite

    Trata-se de um termo utilizado para denotar inflamação ao redor dos tendões do joelho. Pode ocorrer no tendão patelar, quadricipital, pata de ganso ou mesmo em outros tendões. Na maioria das vezes o tratamento para esse tipo de lesão ocorre com fisioterapia, mas procedimentos como infiltração podem ser associados.


  • Hoffite

    Trata-se de uma inflamação da gordura de Hoffa, uma estrutura que ajuda na homeostase do joelho ainda não totalmente compreendida. Sua inflamação ocorre frequentemente em quadros de sobrecarga do joelho, fraqueza muscular e exercícios inadequados. Na grande maioria das vezes as queixas melhoram com reabilitação.


  • Derrame articular

    Trata-se de um termo genérico para inflamação dentro do joelho. O derrame pode ocorrer por traumas(hemartrose), lesão repetitiva, tumores, doenças inflamatórias ou mesmo por outras causas. 

  • Tendinopatia

    Trata-se em um termo utilizado para denotar inflamação ao redor dos tendões do joelho. Pode ocorrer no tendão patelar, quadriceptal, pata de ganso ou mesmo em outros tendões. Na maioria das vezes o tratamento para esse tipo de lesão ocorre com fisioterapia, mas procedimentos como infiltração podem ser associados.


  • Plica sinovial – com ou sem interposição

    A plica sinovial é uma estrutura remanescente do período embrionário. Em alguns casos essa plica que não é uma doença em si pode se interpor dentro do joelho e se inflamar causando dor. Nestes casos, caso o exame físico seja compatível e não houver melhora com outros tratamentos a plica pode ser removida via artroscopia.


  • Sequela de Osgood Schlater

    A doença de Osgood Schlatter é uma osteocondrose que ocorre na adolescência principalmente em meninos. Trata-se de uma condição benigna que cursa com dor nna tuberosidade anterior da tíbia e que costuma melhorar com repouso, e reabilitação. Após o curso da doença podem ser evidenciados resquícios dessa doença que no contexto clínico adequado pode ser significativo.


  • Atrito iliotibial

    O atrito iliotibial  ocorre quando há formação de inflamação e edema interposto entre o trato iliotibial e o fêmur. Trata-se de uma patologia de causa não totalmente compreendida mas muito comum em corredores e ciclistas. Seu tratamento inicial é através de reabilitação e fisioterapia, mas seu achado deve ser confirmado clinicamente pois tal atrito pode ser encontrado de forma assintomática em exames. 


  • Ossificação/calcificação

    Ossificações podem ocorrer após traumas, após tendinopatias calcáreas, por doenças inflamatórias ou por outros diversos motivos. Na maioria dos casos esses achados são benignos e não necessitam de tratamento específico, mas o médico deve analisar caso a caso para a melhor decisão terapêutica.


Instabilidade da Patela


  • Luxação Lateral e TILT Lateral

    Trata-se de um posicionamento anormal da patela ocasionada por múltiplos fatores anatômicos do paciente. Esses achados podem estar relacionados tanto à episódios de deslocamento da patela como a quadros dolorosos na região da frente do joelho.


  • Tróclea Displásica, Sulco Raso

    Trata-se de uma alteração da forma habitual da tróclea (femoral). Essa diminuição do sulco em que a patela trilha, faz com que a patela seja mais propensa a sair do lugar. A presença de displasia da tróclea é um dos fatores de risco para instabilidade patelar.


  • Faceta Hipoplásica da Patela

    Trata-se de outra alteração da forma habitual do joelho, neste caso da patela. Patelas displásicas perdem a congruência com o fêmur e também são mais propensas à sairem do lugar. A presença de displasia de patela é um dos fatores de risco para instabilidade patelar.

  • Patela Alta

    A altura e posição da patela também influencia a estabilidade da patela e a presença de uma patela alta pode predispor à dores na região patelofemoral e a instabilidade da patela. Apesar de não ser uma doença em si é um fator de risco para luxação patelar.


  • Alongamento Retinacular Patelofemoral Medial

    Trata-se de um sinal crônico de luxação recidivante da patela em que múltiplas lesões do ligamento colateral medial levaram à uma cicatrização alongada do mesmo, fazendo com que a patela fique frouxa e se desloque para lateral.

Ligamentos


  • Rotura completa – ou grau 3

    Trata-se de uma expressão utilizada para descrever o rompimento total de um ligamento e está normalmente associada à frouxidão do joelho correspondente a função deste ligamento. Rupturas completas do ligamento cruzado anterior são comumente tratadas com cirurgia.


  • Estiramento – ou grau 1/2

    Trata-se de uma expressão utilizada para descrever um rompimento parcial de um ligamento. Sua competência deve ser avaliada clinicamente para que a melhor decisão terapêutica seja tomada

  • Lesão parcial

    Trata-se de uma expressão utilizada para descrever um rompimento parcial de um ligamento. Sua competência deve ser avaliada clinicamente para que a melhor decisão terapêutica seja tomada.


  • Indefinição das fibras

    Em alguns casos o médico não consegue visualizar as fibras do ligamento que deveriam estar em determinado local. Essa expressão pode designar lesões agudas de ligamento, lesões por degeneração ou mesmo lesões de enxertos de ligamentos re-rompidos.


  • Degeneração mucinosa

    Trata-se de um tipo de alteração por desgaste e “envelhecimento” do ligamento. Comumente encontrada no ligamento cruzado anterior normalmente esse achado não está associado à entorse ou trauma e sua reconstrução não costuma ser indicada da mesma forma que lesões traumáticas agudas.


  • Degeneração LCA

    Trata-se de um tipo de alteração por desgaste e “envelhecimento” do ligamento. Comumente encontrada no ligamento cruzado anterior normalmente esse achado não está associado à entorse ou trauma e sua reconstrução não costuma ser indicada da mesma forma que lesões traumáticas agudas.


Artrose


  • Esboços osteofitários ou osteófito

    Esse termo é utilizado para descrever os famosos “bicos de papagaio” que ocorrem com o desgaste e envelhecimento da articulação. Quando encontramos essas alterações nos deparamos com um quadro de Artrose de Joelhos.


  • Cisto de Baker

    O cisto de Baker é um cisto que existe no corpo humano e não é um problema em si, na verdade quando visualizamos nos exames ele costuma estar distendido devido a algum problema no joelho que cursa com acúmulo de líquido e inflamação. Sua presença está muito relacionada à presença de artrose e desgaste a qual leva a formação de líquido que se acumula no cisto ou bursa pré existente.


  • Distensão da bursa do semi membranoso/gastrocnêmio

    Trata-se do nome descritivo do cisto de Baker. O cisto de Baker é um cisto que existe no corpo humano e não é um problema em si, na verdade quando visualizamos nos exames ele costuma estar distendido devido a algum problema no joelho que cursa com acúmulo de líquido e inflamação. Sua presença está muito relacionada à presença de artrose e desgaste a qual leva a formação de líquido que se acumula no cisto ou bursa pré existente.


  • Corpo livre

    No joelho não temos estruturas que ficam sem conexão. Em algumas ocasiões pedaços de cartilagem, osso, menisco, sinovia ou outros tecidos podem se desprender de seus locais de origem e ficarem “boiando” dentro do líquido do joelho. Quando isso ocorre damos o nome genérico de corpo livre. Corpos livres podem ser sintomáticos e causarem sintomas de dor e travamento no joelho. Quando isso ocorre, uma artroscopia pode ser necessária para retirada do corpo livre e tratamento das lesões associadas. 


  • Diminuição do espaço articular

    Essa é uma característica muito encontrada na artrose de joelho. A diminuição do espaço ocorre pela perda de menisco, cartilagem e contratura ligamentar que ocorre na artrose. Esse fenômeno é responsável pela famosa expressão “ pinçamento do joelho” e “osso com osso”.


  • Esclerose subcondral

    Trata-se de outra alteração encontrada na artrose. Pela perda de cartilagem e meniscos há maior estímulo e sobrecarga no osso subcondral que reage aumentando sua formação óssea, sendo evidenciada nos exames como uma esclerose, ou seja, um espessamento e adensamento desse osso. 


  • Geodos

    A sobrecarga que ocorre na artrose leva a lesão da cartilagem e do osso subcondral (lesões osteocondrais). Essas lesões podem levar a formação de cistos logo abaixo do osso. Esses cistos são chamados de geodos.


Dr. Diego Munhoz

Médico ortopedista especialista em cirurgia de joelho graduado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP.

Acompanha com proximidade o quadro clínico do paciente e atua do diagnóstico a reabilitação!

  • Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP);
  • Residência em Ortopedia pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
  • Especialização em cirurgia de Joelho pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
  • Preceptor dos residentes de ortopedia durante o ano de 2018 no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
  • Preceptor dos alunos de medicina(internos) durante o ano de 2019 Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
  • Atualmente, cursa doutorado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP).
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