Lesão do ligamento cruzado anterior: mecanismos e consequências
Você conhece os mecanismos e as consequências da lesão do ligamento cruzado anterior (LCA)?
Mecanismos da lesão do LCA
O mecanismo mais comum ocorre quando o joelho está fixo ao solo, parcialmente dobrado e a pessoa realiza uma rotação interna do fêmur, fazendo com que a tíbia gire externamente em conjunto com uma força em valgo (joelho indo para dentro).
Essa posição estica o ligamento e, quando ocorre com força o suficiente, o acaba rompendo-o.
Outro mecanismo possível de ruptura do ligamento é a hiperextensão. Isso pode ocorrer quando realizamos um chute ao vento, por exemplo, ou mesmo ao forçarmos a perna para trás com o pé preso ao solo.
Quando saltamos e caímos novamente ao solo, podemos realizar esse movimento de forma perigosa aumentando nossas chances de romper o ligamento
O LCA consegue resistir a forças de, aproximadamente, 1500-2000 newtons e, quando aplicamos uma força maior do que esse valor, ele acaba rompendo.
Por causa das características mais marcantes de movimentação rotacional e pivotagem, os esportes mais comuns de ocorrer a lesão são futebol, basquete, ski, ginástica, entre outros.
Em resumo, a lesão do LCA em atletas provavelmente tem uma etiologia multifatorial, com vários elementos potenciais que determinam o mecanismo de lesão. Não parece haver um fator de risco isolado presente em todos os casos de lesões do LCA sem contato direito.
Consequências da lesão do ligamento cruzado anterior
Consequência imediata
A consequência imediata da lesão do ligamento se manifesta através de um quadro doloroso, inchaço no joelho e incapacidade funcional devido a inflamação ocorrida após a sua lesão.
Após algumas semanas, porém, o corpo se recupera da injúria e inflamação inicial, melhorando bastante o quadro clínico de dor, inchaço e dificuldade de apoio do membro.
No entanto, este é um ligamento que não cicatriza adequadamente sozinho e, em decorrência disso, após uma lesão completa o joelho perde a estabilidade.
Instabilidade anterior ou anterolateral (rotatória)
O ligamento cruzado anterior é responsável por estabilizar nosso joelho e restringir que a nossa tibia se desloque para frente, além de restringir movimentos rotatórios exacerbados no nosso joelho.
Dessa forma, a primeira consequência de sua lesão é a manifestação de uma instabilidade anterior ou anterolateral (rotatória). Essa instabilidade é sentida no joelho como se fosse um jogo, um falseio ou uma insegurança e é normalmente sentida em atividades que forçam a atuação do LCA, principalmente atividades de rotação e pivot.
Essas atividades são muito comuns nos esportes e esse é um dos motivos que nos levam a realizar o tratamento cirúrgico.
Além desta sensação de falseio, quando movimentos exacerbados forçam novamente a articulação ausente de LCA, o joelho fica propenso a ter novas entorses e, assim, ter novos quadros dolorosos agudos com inchaço e inflamação durante as atividades. As entorses de repetição são outra consequência da lesão do LCA.
A cada nova entorse de repetição o joelho fica em risco para ter novas lesões, pois o movimento brusco sofrido devido a falta do LCA pode fazer com que as estruturas do joelho se choquem entre si causando novas lesões a qual chamamos de lesões associadas.
Dessa forma, podemos machucar outras estruturas do joelho, como os meniscos, cartilagem e até mesmo outros ligamentos.
Artrose
No longo prazo, novas entorses, novas lesões e a movimentação e estabilidade anormal de um joelho sem ligamento cruzado fazem com o que ele se machuque tanto que entra num processo/ciclo vicioso em que ocorre cada vez mais lesões e cada vez mais inflamação.
Isso pode ocorrer até chegar o momento em que esse processo seja irreversível e um quadro de artrose seja instalado.
Sabemos que pacientes com lesão do LCA tem chance aumentada de ter artrose de joelhos no futuro e, apesar de sua gravidade e sintomas dependerem de diversos fatores, é importante conhecer esse risco.
Tratar estas lesões é essencial para evitar complicações e o ortopedista especialista em joelho será fundamental para te ajudar neste processo.
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Dr. Diego Munhoz
Médico ortopedista especialista em cirurgia de joelho graduado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP.
Acompanha com proximidade o quadro clínico do paciente e atua do diagnóstico a reabilitação!
- Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP);
- Residência em Ortopedia pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Especialização em cirurgia de Joelho pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos residentes de ortopedia durante o ano de 2018 no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Preceptor dos alunos de medicina(internos) durante o ano de 2019 Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
- Habilitado em Cirurgia Robótica do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho;
- Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia;
- Atualmente, cursa doutorado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP).