Saiba mais sobre a lesão no ligamento colateral lateral

16 de setembro de 2021

A lesão no ligamento colateral lateral pode causar dor, instabilidade e redução do movimento do joelho e merece atenção. 

O ligamento colateral lateral é o ligamento do joelho responsável pela estabilização primária ao stress em varo desta articulação, ou seja, a rotação externa do joelho.

É um dos ligamentos que faz parte do que chamamos de canto posteolateral, um conjunto de estruturas que ficam na parte lateral externa do joelho.

Além do ligamento colateral lateral, também fazem parte deste conjunto o tendão do poplíteo e o ligamento poplíteo-fibular.

O ligamento colateral lateral é também um restritor secundário à translação posterior e interna da articulação.

Apesar de menos comum, a lesão deste ligamento ainda ocorre com certa frequência.

Normalmente, ela ocorre associada à lesão de outros ligamentos (como o colateral posterior e o colateral anterior) e, nestes casos, pode levar à falha e instabilidade residual do joelho.

Por isso, a avaliação cuidadosa para identificar essas lesões, às vezes ocultas, é essencial.

Quais são as principais causas das lesões no ligamento colateral lateral? 

Em grande parte dos casos, a lesão neste ligamento ocorre a partir do golpe direto no aspecto medial, particularmente anteromedial.

Além disso, mecanismos como hiperextensão sem contato e stress em varo sem contato também ocasionam a lesão neste ligamento.

Estes movimentos podem ocorrer devido a acidentes automobilísticos, quedas de altura e traumas de alta energia.

Vale ressaltar que apenas 25% das lesões no ligamento colateral lateral ocorrem de forma isolada.

Todo o restante ocorre em conjunto com a lesão em outros ligamentos, principalmente o colateral posterior e o colateral anterior.

Quais são os sintomas da lesão?

Os principais sintomas desta lesão são a dor, instabilidade mediolateral em extensão, dificuldade para subir ou descer escadas e/ou andar em solos irregulares.

Outro sintoma que pode ocorrer é o formigamento na lateral externa da perna (parestesia fibular) e o pé não ter sustentação e ficar caído.

Além disso, o paciente poderá apresentar inchaço e/ou roxo no joelho.

Ao notar esses incômodos, principalmente após sofrer algum acidente, será essencial procurar um especialista para fazer um diagnóstico preciso.

Como é o diagnóstico da lesão do ligamento colateral lateral?

Inicialmente, faremos uma análise completa da história do paciente.

Caso tenha ocorrido um acidente, precisaremos entender os detalhes, bem como saber se ele já sofreu outras lesões ou passou por cirurgias prévias.

Vamos analisar também os antecedentes pessoais, medicações que utiliza, se possui vícios e seu grau na prática de atividades físicas ou esportes.

Além disso, o exame físico é essencial. Nele, observamos diversos aspectos, como o alinhamento do joelho, as partes moles e condições neurovasculares (perfusão, força motora, sensorial, etc.).

Existem muitos testes específicos que podemos fazer para avaliar as funções do joelho, por exemplo:

  • Teste do Stress em varo;
  • Dial Test;
  • Teste da rotação externa recurvado;
  • Teste da gaveta posterolateral;
  • Pivot Shift Reverso.

Ademais, os exames de imagem serão importantes para confirmar o diagnóstico, avaliar a extensão da lesão e verificar se existem outras lesões relacionadas.

Assim, poderemos lançar mão das radiografias (comuns, panorâmicas ou com estresse) ou da ressonância magnética, que é uma boa ferramenta diagnóstica para avaliar estas lesões, principalmente em sua fase aguda.

Outro exame muito útil será a artroscopia diagnóstica que permite visualizar as estruturas ligamentares com bastante detalhe.

Quais os tratamentos para esta lesão? Pode ser necessário fazer cirurgia?

Diversos fatores irão influenciar o tratamento da lesão no ligamento colateral lateral, por exemplo, o grau da lesão, a idade do paciente e seu nível de demanda do joelho.

Assim, poderemos tratar as lesões mais simples, de grau 1 ou 2, de forma conservadora.

Nestes casos, utilizaremos um brace em extensão ou brace articulado travado em extensão por cerca de 3 a 6 semanas.

Além disso, a carga no joelho será permitida, mas em lesões mais extensas poderemos ter maior cuidado inicial.

Após este período, o paciente poderá iniciar as atividades esportivas específicas, principalmente se tiver ausência de dor, amplitude total de movimento, força igual ao lado contralateral e se o joelho estiver estável ao stress em varo.

Já nos casos de lesões de grau 3, o tratamento será cirúrgico devido ao risco de instabilidade residual significante.

 Além disso, as lesões associadas também serão tratadas de modo a garantir melhor funcionamento da articulação.

Poderemos adotar diversas técnicas cirúrgicas e essa escolha será individualizada, com base nas características da lesão de cada paciente.

Por exemplo, será possível procedimentos de reparo ou reconstrução dos ligamentos, bem como a osteotomia, principalmente em casos de lesões crônicas.

Atualmente, sabemos que, na maioria dos casos, as reconstruções dos ligamentos costumam apresentar melhores resultados em relação aos reparos.

Manejo pós-operatório:

Após a cirurgia, uma série de medidas serão necessárias para garantir a boa recuperação do paciente.

Inicialmente, ele deverá utilizar um imobilizador e terá restrição de carga no joelho por 6 semanas.

Deverá iniciar o fortalecimento de quadríceps logo após a cirurgia e os exercícios de amplitude do movimento com 1 a 2 semanas após o procedimento.

Além disso, a carga utilizada deverá ser menor e ir aumentando progressivamente.

Já o fortalecimento de flexores deverá ocorrer somente após 4 meses da cirurgia para evitar stress nos enxertos realizados.

Exercícios como bicicleta e outros treinamentos específicos devem ocorrer quando a amplitude do movimento e estabilidade da articulação já forem satisfatórios.

Em muitos casos, isso pode levar de 6 a 9 meses após o procedimento, em alguns casos, até 12 meses.

O médico ortopedista irá acompanhar o paciente em todo seu processo de reabilitação dando as devidas orientações a cada etapa, conforme a evolução do quadro clínico.

Então, caso você tenha sofrido algum acidente e esteja com incômodos no joelho, não deixe de procurar um especialista para lhe auxiliar!

Dr. Diego Munhoz

Médico ortopedista especialista em cirurgia de joelho graduado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP.

Acompanha com proximidade o quadro clínico do paciente e atua do diagnóstico a reabilitação!

  • Graduado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP);
  • Residência em Ortopedia pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
  • Especialização em cirurgia de Joelho pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
  • Preceptor dos residentes de ortopedia durante o ano de 2018 no Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
  • Preceptor dos alunos de medicina(internos) durante o ano de 2019 Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP);
  • Habilitado em Cirurgia Robótica do Joelho;
  • Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho;
  • Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia;
  • Atualmente, cursa doutorado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP (IOT HC FMUSP).
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